Campanha destaca a importância do olhar atento e da atuação conjunta.
Nesta quarta-feira (30), Dia Mundial de Combate ao Tráfico de Pessoas, a Inframerica, administradora do Aeroporto de Brasília, promoveu uma ação especial de conscientização no terminal aéreo brasiliense, em parceria com a Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus-DF) e a Organização Internacional para Migrações (OIM).
A atividade foi realizada das 6h às 11h, em frente ao embarque doméstico, e teve como foco orientar passageiros sobre os riscos e sinais do tráfico humano. As abordagens foram conduzidas pela Gerência de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e Apoio ao Migrante (Getpam) da Sejus-DF que conversou com passageiros e distribuiu materiais informativos sobre a campanha Coração Azul, iniciativa global de combate a esse tipo de crime, e gibis da Turma da Mônica e da Turma da Mônica Jovem que tratam sobre o tema de forma lúdica e acessível.
Além da realização da ação no saguão do terminal, as equipes de atendimento ao público do aeroporto passaram por capacitações específicas para reconhecer comportamentos suspeitos e agir de forma adequada, acionando os canais competentes. Durante o treinamento, os funcionários foram orientados a observar sinais como medo excessivo, ansiedade, submissão, ferimentos visíveis, sinais de abuso ou negligência, cansaço extremo, vestimentas inadequadas ao clima e pouca bagagem em viagens longas. Também foram ensinados a fazer perguntas simples, como o destino final da viagem, tipo de trabalho que será exercido e quem receberá a pessoa no local de chegada, já que muitos não sabem para onde vão, e estes aspectos muitas vezes desconhecidos por vítimas em situação de tráfico podem ser identificados por meio da conversa.
O enfrentamento ao tráfico de pessoas faz parte das diretrizes permanentes de segurança e responsabilidade social do terminal. Todos os profissionais credenciados que atuam no aeroporto realizam cursos obrigatórios de segurança, que incluem módulos sobre identificação de situações atípicas, incluindo o tráfico de pessoas.
A colaboração dos passageiros também é fundamental. Situações que envolvam pessoas visivelmente desconfortáveis, sem documentos próprios ou que evitem contato visual devem ser comunicadas aos funcionários do aeroporto ou à Polícia Federal. As denúncias também podem ser feitas de forma anônima pelo Disque 100 ou disque 180, canais oficiais do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.
Para ampliar o alcance da campanha, o Aeroporto de Brasília publicou em suas redes sociais um vídeo produzido em parceria com a Polícia Federal, com orientações sobre os principais sinais de tráfico humano e como denunciá-lo.
O tráfico de pessoas no Brasil
O tráfico de pessoas atinge, principalmente, pessoas em situação de vulnerabilidade — como migrantes, mulheres e pessoas em condição socioeconômica precária. Segundo o Relatório Nacional sobre Tráfico de Pessoas de 2024, os Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS) registraram 362 atendimentos a vítimas do crime, sendo 57,2% homens e 42,8% mulheres. Já no Ministério da Saúde, que lida com casos ligados à violência sexual e exploração, foram 304 atendimentos, com 62,8% mulheres e 37,2% homens.
Os números também mostram que o problema está presente em todo o país. De acordo com o Disque 100, o Brasil registra, em média, mais de um caso por dia. No Distrito Federal, somente em 2024, oito vítimas foram atendidas pela rede de proteção. Esses dados reforçam a importância de ações articuladas, como esta mobilização no aeroporto, que busca informar, prevenir e proteger quem mais precisa.
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